A obra "Quando a naturalidade se desloca", de Kelvin Koubik, parte da intenção do artista em quebrar o ritmo e a ordem dos elementos densos e pesados que constituem as paisagens urbanas das metrópoles, nesse caso o centro de Porto Alegre. Como naturalidade entendemos a ideia de qualidade, estado e/ou condição e que, na intervenção realizada pelo artista nos surge como efeito. Koubik neste mural, lança mão de um paradoxo que está entre dois tipos de paisagens, a urbana cinza e densa, e a da natureza, das mais diversas cores que a fauna e a flora apresentam. A garça, que para o artista traz memórias da capital gaúcha, junto do conjunto de folhagens sobrepostas em alguns planos, abrem espaço ao paradoxal, pois, na parede o que vemos é uma paisagem artificial, trata-se de uma natureza morta, mas, o que está em jogo é o o deslocamento do campo das ideias enquanto processo artístico. A natureza, ainda que morta ou artificial enquanto pintura, dá vida enquanto dispositivo. Entre as sobreposições dos tons de cinza e as linhas ortogonais dos prédios da Rua Siqueira Campos vemos a pintura de Koubik nascer com leveza e organicidade, como uma vegetação que brota do solo. Texto: Santiago Pooter